Essa é a primeira história que escrevi, espero que gostem, é um drama em 5 atos, com um final bem bonito. Enjoy :*
Estava na minha cama, tinha passado das 10 da manhã, aquele
dia tinha decidido não ir trabalhar, fiquei ali deitado nu, com os fones de
ouvido no ultimo volume, tocando um simples alternativo, cigarro suspeito na
mão e a luz radiante da janela alta de madeira em direção as paredes com
desenhos de corujas mal feitas.
A noite passada não tinha sido fácil, vou contar para vocês
o drama ocorrido durante aquele dia.
ATO 1
Foi aquela acordada
repentina, foi diferente por que meu corpo foi despertado vinte minutos antes
do meu celular despertar no que normalmente era as sete e meia, pulei da cama,
disposto? Talvez, enquanto a máquina esquentava as torradas, eu fritava os ovos
e o bacon, música alta da Colbie, queria que o dia valesse à pena, a faxineira
havia estado em casa um dia antes, o perfume de jasmim ainda estava rondando o
ar do meu apartamento.
Café quente na mesa, jornal sobre o colo, vira uma matéria
sobre um assassinato no centro, haviam espancado um menino até a morte, -
Trágico! - Pensei comigo mesmo- como essas coisas ainda acontecem? – joguei o
jornal no sofá revirando levemente os olhos com expressão de nojo ou
descontentamento - Meu dia vai ter só boas vibrações. – pensei.
Banho tomado, trilhões de gravatas no guarda roupa, e eu
escolhendo mais uma vez aquela azul clara, hoje no trabalho estaria perto
daquela promoção, sairia de assistente para a gerência se desse tudo certo,
havia orado muito, sim eu era muito religioso até ontem.
Peguei um táxi, desci no Starbucks, meu dia não seria o
mesmo sem meu frapuccino, e fui andando até o trabalho, ficava a duas quadras
dali.
Meu celular tocou, e eu pensei que seria minha adorável louca noiva ligando
pra saber sobre os detalhes do jantar de noivado romântico que teríamos no dia
seguinte, ou seja hoje, mas era a minha mãe:
- Hey Bart, gostaria de saber se poderia passar aqui em casa
no final da tarde preciso te dar uma coisa muito importante. - ela falou com um ar tão suspirado que eu
fiquei com receio de dar alguma desculpa .
Minha mãe morava do outro lado da cidade, teria que ir até o
centro de Bluewind e pegar um trem até seu bairro que me custaria trinta
minutos.
- Claro Mãe! Eu estarei ai por volta das dezoito e trinta
pode ser?
- Pode sim bebê – me vira o estomago quando ela me chama
assim – te aguardo aqui e farei aquele bolo de fubá com camomila que tanto
gosta. Até mais tarde.
Entrei no trabalho, não queria ver minha cara, sabia que não
estava conseguindo disfarçar a alegria e a ansiedade no meu rosto, a
recepcionista bonitona já estava com os papéis da venda do imóvel mais caro da
cidade, se conseguisse fechar o negocio hoje, o cargo de gerente estava na
minha mão.
Era uma venda sublime, se vendesse, ganharia comissão o
suficiente para comprar meu apartamento novamente e mais um carro do ano.
- Senhor Welch, Sua Noiva Carmen está no telefone. – disse
minha secretária Dina abrindo a porta sem pedir licença.
- Obrigado Dina, pode passar a ligação.
- Amor, o que aconteceu com seu celular que você não atende?
– Minha noiva era daquelas que não deixa você em paz se não dá a atenção
devida.
- Oi pra você também, foi terrível você não ter dormido em
casa ontem hein– realmente foi uma noite que fiquei chupando o dedo- e meu
celular está descarregado por que passei a noite assistindo vídeos nele e
acabei dormindo, foi mau amor.
- Tudo bem, nem quero saber o tipo de vídeo que estava
assistindo seu podre. – aquela risada insuportável, mas que eu amava ouvir.
- O que devo a honra
da ligação?
- Nada, só senti saudade de ouvir sua voz – ela tinha feito
aquela voz de cão sem dono que detestava.
Queria ter dito a mesma coisa, ou algo romântico, mas no momento
preferi ser verdadeiro.
- Owwn amor, obrigado, tenho que trabalhar, a gente se fala
depois.
- Ah! Tudo bem. –
tinha mudado a voz para cão estressado. – Bom trabalho pra você!
- Obrigado amor, a gente se fala.
Não queria ter sido grosso, mas se eu continuasse com
aquilo, teria sido aquela lenga lenga toda de adolescentes de 16 anos, e eu não tenho mais paciência para
essas coisas.
ATO 2
Era duas horas da tarde, meu almoço com o comprador do
imóvel seria daqui a 10 minutos, tentativas de parar a tremedeira no táxi indo
para o restaurante era inviável, estava tremendo tanto que até o taxista estava
preocupado colocando um copo de água a minha disposição.
Desci do táxi e entrei no restaurante, era mexicano, até o
momento não sabia que o comprador era latino, só sabia que seu nome era Luke e
que ele me aguardava na mesa 25. Quando entrei no piso superior do restaurante
lá estava ele, o homem que faria minha vida mudar pra melhor, bastava assinar
um cheque e os papeis que estavam na minha maleta e tudo ficaria bem.
-Senhor Welch?- disse um homem alto, boa pinta ao se
levantar de sua cadeira, gesticulando pra que fosse ao seu encontro. Ele estava
de óculos escuros, bermuda branca com listras azuis e uma camisa social azul clara, e de gravata, gosto peculiar para moda, me senti por um quanto estranho ao cumprimentar
sua mão, indisposto seria a palavra correta.
-Senhor Luke, que prazer em conhecê-lo. – naquele momento
queria ter estado com óculos escuro
também, meu olhos não conseguiam olhar diretamente para seu rosto, estava
nervoso demais, e sabia que não estava conseguindo esconder isso.
-Vamos ao que interessa! – disse ele com um sorriso de
orelha a orelha, e eu já todo animado fui pegando minha maleta – O que quer
comer?
Fiquei tão envergonhado, naquele momento percebi que estava
quase explodindo, fui abaixando a maleta lentamente como se nada tivesse
acontecido, como se eu não estivesse desesperado pra fechar aquela compra.
- Tacos veganos seria uma boa pedida para mim- disse eu
tentando me socializar com o cliente milionário.
- Você é vegetariano? – depois daquela pergunta já havia se
passado uma hora, parecia que nos conhecíamos a uma década, falamos de
academia, de futebol, de planos para o futuro, da garçonete que passava a todo
o momento mostrando o decote, até que percebi o motivo do por que estava ali, e
me impus – Sobre o prédio que está querendo comprar, o que falta para o Senhor
fechar comigo?
Fui tão firme que até me inclinei um tanto quanto correto na
cadeira.
- Senhor? Por favor! Me chame de Luke, e sobre o prédio,
estou muito interessado sim, mas só o vi por fotos, antes de fechar a compra
gostaria de ver e avaliar pessoalmente antes.
Concordei é claro, estava com a chave do prédio, quando fui
chamar o táxi, ele pegou na minha mão e naquele mesmo momento a abaixei
rapidamente achando aquilo muito estranho – Não precisamos de táxi quando se
tem um carro desses. – disse ele com um sorriso malicioso no rosto.
Era uma Ferrari, tão sem palavras que não conseguia fechar a
minha boca, mal estava acreditando que andaria em uma daquelas, pois bem, eu
andei, e a sensação foi de como se eu estivesse andando em uma nuvem a 200 por
hora (Como se alguma vez eu tivesse andado em uma nuvem).
ATO 3
Entramos no prédio, Luke sentou em cima de um sofá velho, e
pediu para que eu falasse sobre o imóvel.
“ Ok! “ – pensei comigo mesmo – esse prédio tem vista direto
para a lagoa de Bluewind, onde muitos turistas vêm passar os finais de semana e
os feriados, fácil localização...
Ele me interrompera.
- Que Gravata bonita a sua! Onde comprou? – disse com um
sorriso enorme no rosto, como se não tivesse ouvido nada do que eu havia dito
naquele momento.
-Hum, - fiquei embaraçado – Ganhei de um amigo especial.
-Especial? Certo... – não entendi o tom de ironia dele, mas
aquilo estava começando a ficar estranho, ele continuou – Se eu der uma gravata
pra você de presente, você vai usá-la?
-Claro que sim senhor! Ops ! Desculpe, Claro que sim Luke. –
até parece que ia usar, tinha milhares de gravatas no guarda roupa, e só usava
essa bendita azul, nem eu mesmo sei o porquê eu só a usava.
Ele se levantou do sofá tirou a gravata dele e veio em minha
direção, parecia câmera lenta, não queria estar vendo minha cara de idiota
vendo aquela cena sem entender nada. Logo depois de chegar perto de mim ele
chegou bem perto mesmo, ele retirou minha gravata e jogou na mesa de centro que
ficava logo atrás dele, e me disse com um tom baixo um quanto tanto
desnecessário.
-Quer que eu coloque essa gravata ou prefere que eu tire
mais alguma coisa?- e então ele parou e ficou olhando pra minha cara esperando
uma resposta, não entendi minha reação, fiquei em silencio, aquilo nunca tinha
acontecido comigo, ele não tirava os olhos dos meus, naquele momento esqueci
quem eu era e o que eu tinha até o momento, uma noiva, pais conservadores, uma
religião... Ele me beijou e logo após o beijo que não durou nem três segundos,
eu o empurrei tão forte que ele literalmente voou em direção ao sofá.
Então ele ficou lá olhando para meu rosto pálido, com a
sobrancelha baixa, com os olhos fitos nos meus, esperando mais alguma reação, o
que estava acontecendo? Essa pergunta ecoava tanto que chegava a doer meu
cérebro.
Isso absolutamente nunca tinha acontecido, nem atração, nem
beijo, nem nada próximo disso, a não serem as brincadeiras que eu fazia com
meus primos quando eu era pequeno, mas naquele momento, fui correndo até o
sofá, tirei minha camisa, puxei o cinto com tanta força que Luke soltou um
sorriso largo e bem safado, me joguei em cima dele, o resto vocês podem
imaginar, éramos como dois leões numa selva brigando pra ver quem mandava, aquilo
foi tão insano e ao mesmo tempo tão bom que não vou contar todos os detalhes.
ATO 4
Já era cinco da tarde estávamos deitados nus no chão gelado
daquele salão, a perna de Luke estava em cima da minha, e sua mão apoiada em
minha barriga, estava tão suado e tão exausto que não conseguia me mover, até
por que não sabia como reagir logo depois daquele impulso.
Luke se levantou e colocou suas calças, disse que tinha que
ir, ele assinou o cheque da compra deixou na mesa de centro, e só falou pra que
eu o ligasse quando eu pudesse.
Me deixou lá pelado no chão. Juro que naquele momento me
senti como uma mulher usada por um homem, ou como eu costumava deixar as
mulheres, nuas sozinhas na cama sem carinho nenhum logo após o sexo. Mas algo
me dizia que aquilo tinha sido algo tão especial que não ia acabar assim.
E o medo? E o desespero, os dois tomaram conta de mim depois
que ouvi o barulho da Ferrari indo embora pela avenida,levantei como que num
pulo, coloquei minha roupa o mais rápido que podia, tinha que encontrar minha
mãe e ver qual era a tal surpresa que ela tinha.
No caminho de trem para a casa de minha mãe, comecei a
pensar em Carmem e minha família, descobrira algo em mim que nunca tinha se
aflorado antes, de repente não queria mais me casar, não queria mais fazer as
mesmas coisas que fazia sempre, queria mudar minha vida completamente, nunca
tinha me sentido tão limpo, tão leve como antes, algo dentro de mim estava
lutando o tempo inteiro pra se libertar e nunca tinha percebido, Havia um leão
preso dentro de mim que naquela tarde tinha conseguido escapar da sua jaula.
“Mas e agora?”
Ficava me perguntando se tinha coragem o suficiente de
terminar tudo com Carmem, ou se eu deveria dar um tempo e esperar pra que as
coisas acalmassem e daqui alguns dias toda a minha rotina ia voltar, e tudo ia
ficar bem, mas será que era isso que eu queria? Como consegui mudar minhas
metas e planos em apenas algumas horas?
Naquele momento eu tinha descoberto o que realmente me fazia
louco e feliz ao mesmo tempo, não queria abrir mão daquele sentimento, não ia
abrir mão por nada e nem ninguém, pela primeira vez na vida estava me sentindo
alguém diferente, alguém único, pela primeira vez na vida tinha sorrido com o
coração.
O trem parara, tinha chegado à estação onde ficava perto da
casa de minha mãe.
Ela estava lá parada dentro do carro, minha respiração
vacilava e meus pés bamboleavam, sinceramente estava exausto e enérgico ao
mesmo tempo.
Fomos a viagem de dez minutos de carro em silencio, chegamos
a casa, aquele mesmo aroma de grama molhada do quintal, a mesma balança em que
brincava quando era criança permanecera ali intacta. Eu suava, não queria mais
me casar, que loucura, só queria ver Luke novamente e naquele momento nada mais me
importava.
Minha mãe foi brevemente ao seu quarto e trouxe de volta uma
pequena caixa.
-Bart, - quando minha mãe disse meu nome, atrás dela aparece Carmem, com meu vestido preferido, um floral bem curto, juro que eu quase comecei
a chorar.
-Surpresa amor, eu tirei licença no trabalho hoje por que
sua mãe me pediu, e eu também não sei o que ela quer. – ela se sentou do meu
lado no sofá e encostou a cabeça no meu ombro, parada olhando pra minha mãe
esperando alguma resposta dela.
- Pois bem, - disse minha querida e robusta mãe que não
tinha uma cara de aprovação para nosso casamento, talvez por eu ser filho único
e ser muito jovem, não sei, mas só sei que ela não quer que nos casamos. –Esse aqui - ela abrira a caixa - é o anel de noivado que seu avó deu a sua
avó, foi passado para seu pai, e como ele está viajando a negócios - meu pai era engenheiro civil, ele estava
numa construção no meio do oceano pacifico perto de um a ilha, ele só
retornaria no final de julho, ou seja daqui a três meses. – tive a liberdade de
entregar em suas próprias mãos o anel que vai dar a Carmem, e passar com a tradição
que seu avô começou.
O sorriso de minha mãe agora ia de orelha a orelha ela estava
emocionado a tal ponto que conseguia ver
as lágrimas paradas em seus olhos. Minha primeira reação foi ficar
observando o anel, acho que devo ter ficado alguns bons segundos olhando aquilo.
- Então, não vai colocar no meu dedo e dizer alguma coisa romântica?
– Carmem disse pulando excitada do sofá e se colocando de joelhos na minha frente,
apoiando as mãos sobre as minhas pernas. – nossa que gravata linda essa! Nunca
tinha visto, afinal você só usa aquela azul.
- Sim ela é muito bonita- falei isso como se eu estivesse
surpreso daquela gravata estar em meu pescoço, e estava mesmo, a gravata azul
tinha sido levada por Luke sem eu saber, claro um pretexto pra me procurar
depois.
ATO 5
Tive um estupor de pensamento tão forte, que comecei a ver
tudo tão denso e tão negro, comecei a engolir o desespero, e sentir aquele
amargo descendo apertado pela minha garganta, meus lábios tremiam, e meus olhos
jorravam lágrimas, coloquei a mão no rosto assustado.
Minha mãe fez uma cara de desconfiada, só esperando que eu
falasse que não queria mais me casar. Carmem levantou se as pressas colocou a mão
na cintura e disse com um ar de “ fofa”.
- Olha Senhora Welch ele está tão emocionado, nunca vi
alguém chorar dessa maneira, levante aqui e me dê um abraço amor, também estou
emocionada com essa cena. – ela veio em minha direção e abriu os braços, eu sem
reação a abracei tão forte, que pude perceber que ela estava sorrindo por que
me abraçava forte também, e minha cabeça girando e chacoalhando com milhões de pensamentos,
até que eu disse bem baixinho com voz de
choro:
- Me desculpe amor, mas eu não posso me casar com você, eu
não te amo.
Naquele mesmo momento o ar da casa mudou, ficou pesado, ela
soltou meu corpo levemente e deu alguns passos pra trás, agora quem estava com
o rosto cheio de lágrimas era ela. O único olhar que conseguia fazer era de
peixe morto,esperava que ela começasse a jogar todas as coisas em cima de mim
como eu via nas novelas, ela caiu no outro sofá, inclinou seu corpo, e colocou
as mãos no rosto.
-Não falem nada, por favor, estou destruído. – disse em prantos
e soluços
-Você está? Como pode
ser tão egoísta! Como acha que eu estou? Sabe a fortuna que gastamos pra fazer
esse casamento, esse noivado, consegue imaginar a tradição que está quebrando? –
ela estava apelando, e jogando sujo.
O mais engraçado e estranho disso, é que minha mãe não
falava absolutamente nada, ela só parecia uma espectadora. Parada em pé vendo a
cena acontecer.
- Eu não posso continuar com você por que eu sou gay, ou
bissexual não sei quem eu sou, mas descobri que não te amo de verdade, e tenho
um monte de defeitos, mas entre eles não inclui falsidade, preciso ser verdadeiro
comigo mesmo e jogar limpo com as pessoas a minha volta!Você é maravilhosa, uma
companheira excepcional, mas não é o suficiente, um casamento é feito de duas
pessoas, e no momento você não tem essa segunda.
Ela só ficava com a cabeça bem reta em minha direção de boca
aberta, o rosto estava inchado, ela só balançava a cabeça como se estivesse
dizendo não.
-Não! Você não é gay! Isso é impossível e as noites e
momentos que passamos juntos? Por favor, não faz isso com o que a gente
construiu!
- Sinto muito, mas agora quero tentar me encontrar...- eu olhei para minha
mãe, ela inclinou se na quina da cozinha com a mão no peito, eu levantei tão rápido
que a peguei em meus braços já desmaiada.
Fomos ao hospital mais próximo, Carmem nos levou de carro, mas
em nenhum momento dirigiu a palavra pra mim, não me importava, queria cuidar da
minha mãe, fizemos a ficha e ela foi internada, os médicos disseram que ela
teve um principio de AVC e que ficaria em observação, já eram 3 horas da manhã,
quando ela acordou, eu estava com a cabeça deitada em suas pernas, ela colocou
suas mãos sobre meu cabelo, o lençol estava molhado de tanto que eu havia
chorado pensando que poderia ter matado minha mãe.
-Meu bebê! – pela primeira eu amei poder escutar ela me
chamando de bebê. – Eu te amo tanto, você cresceu, olha você agora, um homem
feito, meu único filho – ela começara a chorar, e eu também.
-Mãe isso não é um drama, vou continuar sendo quem eu sou,
vou continuar te amando e respeitando todas as pessoas a minha volta, vou
continuar pagando meus impostos e vivendo minha vida dignamente.
-Eu sei querido, eu sei! Só tenho medo do que o mundo possa
lhe dar em troca disso. Não quero que seja violentado, ou que te mal tratem.Eu
te amo muito para que essas coisas atrapalhem as memórias boas que tenho de
você, trocando suas fraldas, te levando ao seu primeiro dia de aula, quando recebeu
seu primeiro salário e pude ver sua alegria, quando me dava atenção em todos os
dias das mães, são inúmeras as lembranças e atos que você fez por mim, para que
sua opção sexual atrapalhe ou mude algo que sinto por você por dentro.Eu te amo
incondicionalmente e sempre estarei aqui.
-Mãe! Não sabe como é bom poder ter seu apoio e poder sentir
seu amor – eu suspirei, o alivio profundo se instalara dentro de mim, estava bem,
estava mais calmo.
- O único problema vai ser seu pai, ele vai te matar! – ela começou
a rir, e fez com que eu risse também, quando vimos estávamos dando gargalhadas
em meio as lágrimas.
Agora estou aqui, olhando para o teto, o apoio da pessoa
mais importante eu já tinha, estava pronto para começar a viver, jovem, livre e
verdadeiro. Estou com a gravata do Luke na minha mão, e vou esperar seu
telefonema.
Hoje eu não só acordei com um sorriso no rosto, mas com um
sorriso no coração, na alma.